domingo, 4 de maio de 2008

Oito sem dó para conquistar o título

A contagem do tempo é relativa. Apesar de um minuto ter sessenta segundos, da hora ter 60 minutos e do dia ter 24 horas, a percepção desses períodos se dá de maneiras diferentes. Tudo dependerá da situação. A prova disso é a decisão do Campeonato Gaúcho.

Há dez anos, o Juventude veio ao Beira-Rio conquistar o primeiro Gauchão de sua história. Para a papada esta década passou voando, parece que foi ontem que o “crime” havia sido cometido. Para os colorados tudo passou muito devagar. Naquele dia a touca começou a ser bordada.

Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito. Contar até oito é fácil e rápido. Mas a dor provocada pode nunca passar. A contagem mostra a dureza que foi o golpe aplicado pelo Inter no rival da Serra. A vitória por 8 a 1 colocou, do modo menos esperado, a faixa no peito dos colorados.

O Juventude, numa análise fria, como a tarde deste domingo, foi o campeão por apenas 25 minutos. O gol da vitória no Jaconi foi nos acréscimos do segundo tempo, e 25 minutos foi o período que o Inter demorou para abrir o placar e igualar o confronto de 180 minutos.

Abrindo a porteira


Nesse caso, 25 minutos foi pouco para o Ju. Mas para o Inter uma eternidade. Pois o sentimento de mais uma derrota no finalzinho foi remoído durante toda a semana. A síndrome da touca não deixava a cabeça dos vermelhos.

“Adotando” o branco para jogos decisivos, o time de Abel Braça não foi uma marreta insistente que martelava a defesa adversária em busca do primeiro gol. Não exerceu uma pressão de encurralar o adversário. Até era esperado, mas não ocorreu.

A partida era disputada dentro dos moldes de uma final. Com poucas situações de gol. Alex e Guiñazu, ambos voltando de lesão, eram caçados em campo. O lateral-direito do clube da Serra, Elvis, perdeu a majestade e entrou fora de rotação, falhando e cometendo faltas desnecessárias. Em pouco tempo, ele dançou e foi substituído antes do fim da primeira etapa. Pelo alto, os colorados levavam vantagem sempre.

E foi assim, que aos 25 minutos tudo começo mudar. Após cobrança de falta, Dany Moraes, de cabeça, fez o Beira-Rio pular de alegria pela primeira vez.

O gol fez um vento forte soprar sobre os jogadores do Juventude. Trazendo consigo um frio congelante que tirou os sentidos dos papos. Os atletas ficaram desnorteados, não sabiam o que fazer. Não estavam preparados para aquela situação. Sentiram o gostinho do título por muito pouco tempo na boca. Não tiveram tempo de reagir. Quatro minutos depois, ainda sem os alvi-verdes entenderem o que ocorria, Fernandão, de cabeça, mais uma vez, ampliou a vantagem.

A partir de então, o Ju entrou em estado vegetativo. Tornou-se um caso perdido. Esperava a chegada do intervalo para ver se tinha salvação. Mas nem o sobrenatural salvaria.

Dois minutos depois, Fernadão ampliou. Antes que pudesse ir para o vestiário, Alex, o craque do Guachão, guardou o seu, de falta. Era o quatrilho.

Era só a metade

Em 45 minutos, tão pouco tempo, o Inter fez o que não havia realizado em 270: gol. Nas três partidas anteriores, o Juventude não havia sido vazado. Um período de invencibilidade grande, que não valeu para nada. No contexto, o menos teve maior valor que o mais.

Ainda restavam 45 minutos. Uma infinidade para os caxienses, que por eles não entravam em campo novamente. Para os colorados, efêmeros 2,7 mil segundos para vibrar a conquista do título. Mal as duas torcidas sabiam que estes minutos serão eternos.

Insaciável, logo no início, Fernadão fez seu terceiro. Era uma mão cheia de gols. Depois disso, vem a meia-duzia, completada por Nilmar. O atacante voltou a encontrar o caminho das redes. Foram quatro meses de jejum. Pergunte ao camisa 7 colorado se 120 dias é muito ou pouco tempo.

Na seqüência, o Ju fez o de honra, através de Índio, contra. Nunca um gol foi tão pouco comemorado pela papada. A maioria já havia deixado o Beira-Rio rumo a Caxias. Porém, o próprio zagueiro colorado redimiu-se e, de cabeça, pintou o sete de vermelho.

Quando todos esperavam apenas o apito do juiz, Leandro Cruz num lance digno de “Ultimate Fighting” fez pênalti em Andrézinho. O homenageado com a cobrança foi o goleiro Clemer que com categoria, de cavadinha, fechou a sacola. Os colorados, agora, querem que o tempo pare para poderem comemorar.

Inter e Juventude são clubes de grandezas diferentes. A história mostra isso. A qualidade entre os elencos é abismal. A campanha feita pelo time de Zetti fez os jogadores do Ju parecerem melhores do que realmente são, mas para ser uma equipe considerada boa e confiável falta muito. O 8 a 1 recoloca as grandezas de ambos, porém de uma forma potencializada.

Um comentário:

Gustavo Corrêa disse...

8 A 1! Nem meu time de várzea toma 8 em um único jogo. Não entendo o Juventude... Vão lá e nos eliminam para tomar 8 no jogo decisivo!?

Lamentável.