quinta-feira, 1 de maio de 2008

Marketing não é mais a alma do negócio

As qualidades de José Mourinho como treinador são do tamanho de sua arrogância, grandes. Filho de um ex-goleiro, o português surpreendeu a Europa ao levar o desacreditado Porto ao título da Champions League em 2004.

A façanha rendeu a Mourinho um pomposo contrato para comandar o Chelsea do milionário russo Roman Abramovich. Tendo a sua disposição uma conta bancário sem restrições para gastos, o treinador reuniu um elenco cheio de opções e com muita qualidade. Fez o clube londrino voltar a ser campeão inglês após 50 anos. Recebeu o apelido de “The special one”.

Sem papas na língua, falando mais do que devia, o português foi criando uma certa instabilidade no cargo, já que o clube não tinha atingido seu objetivo, ser o “dono” do futebol europeu. O sonho de vencer a Champions League parou duas vezes nas semifinais, diate do Liverpool, um adversário com tradição, mas que possuía um time mais modesto.

No começo desta temporada, as atuações do Chelsea foram irregulares, bem abaixo do esperado. Mourinho criticava jogadores publicamente. Seu ego e seu marketing de melhor treinador do mundo comandavam suas ações. Era ele quem tinha que aparecer. Além disso, adorava dar pitacos sobre a seleção portuguesa. Criava mais polêmicas que soluções em campo. O gajo dava espetáculo em suas declarações, mas os resultados em campo eram insatisfatórios. Com isso, o português foi convidado a se retirar do cargo.

Temporariamente assumiu o desconhecido Avram Grant, que era o diretor técnico dos Blues. O israelense tinha passagens por clubes de seu país e pela seleção nacional, sem resultados expressivos. Era o famoso tapa buraco. Abramovich já separava seus euros para pagar uma fortuna e assinar contrato com um técnico de renome.

Mesmo sem fazer o time atuar de maneira convincente, Grant empilhou vitória e fez o Chelsea subir na tabela. Abramovich, que não é bobo, economizou muitos milhares de euros e deixou o israelense no comando, mesmo que alguns atletas mostrassem inconformidade com isso. Não é que sua equipe não jogue bem, mas o homem nascido em Petah Tikva gosta de um futebol burocrático, de resultados, no melhor estilo Carlos Alberto Parreira.

Sem aparecer muito na mídia, sem utilizar-se das modernas ferramentas que o marketing dispõe hoje em dia para promover as pessoas, Grant chegou aonde Mouruinho jamais foi com o Chelsea, à decisão da Champions League. Além disso, colocou o clube na briga pelo título inglês e nem por isso foi aos microfones reclamar dos importantes pontos perdidos pela arrogância do português no inicio da temporada.

Se Grant e seus comandados trarão a taça para Stamford Brigd é outro assunto. Mas pelas circunstâncias, assim que a final terminar e, provavelmente, o israelense não for mantido como técnico do Chelsea, Grant poderá colocar a cabeça no travesseiro com o sentimento de dever cumprido. O desempregado Mouruinho não.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pior é que eu não dava nada pelo Avram Grant, mas ele tá surpreendendo mesmo pelos reslutados, até porque a recuperação no campeonato inglês foi muito grande e eu apostava no Liverpool pra ir à final da Champions. Mas que é verdade que o Chelsea tem um futebol burocrático, como tu disses, é verdade... De qualquer modo eu estou torcendo pelo Manchester nos dois campeonatos.