sexta-feira, 11 de junho de 2010

A Copa da África e da Jabulani

A bola de futebol sempre foi redonda. Em 1970, pela primeira vez, a Copa do Mundo teve uma personalizada. Fabricada com 32 gomos hexagonais, a Telstar era a mais redonda já criada. Em 2010, a décima primeira edição da bola do Mundial, mais uma revolução do principal objetivo em campo. Quarenta anos depois, surge a Jabulani ainda mais redonda. A mais redonda da história graças aos seus oito gomos tridimensionais soldados. É o fenômeno do arredondamento. Seu nome significa “celebrar” no idioma zulu.


Há quatro décadas a bola é uma atração do torneio, uma espécie de mascote de cada edição. E mesmo sempre sendo redonda, sempre é nova, diferente e, agora, mais redonda. Assim como cada edição da Copa, a “gorduchinha” se renova. A Jabulani é quase um carro de Fórmula-1 tamanho a tecnologia desenvolvida e os dólares faros em a sua criação. Mesmo assim ela não agradou a todos. Mas se nem a Copa do Mundo agrada a todos, uma redonda bola multicolorida não poderia atingir o status de unanimidade.


Enquanto a bola esteve longe de rolar de maneira oficial, ela se tornou assunto. Na briga das marcas esportivas, o principal item de desejo, depois da taça de campeão, dos 736 homens inscritos para a Copa da África do Sul foi escorraçada por uns e defendida por outros, em uma guerra mais econômica do que futebolística.


O dinheiro que rola pelos campos chegou com a principal competição do futebol no continente mais pobre. Em meio a miséria das nações africanas, o dono da bola não é mais garantia de nada. Sorte da velha África, pois a milionária briga das fabricantes massificou a produção de tudo que envolve o esporte.


Antigamente possuir uma bola era tão raro que o seu dono tinha lugar cativo no time. Mas se qualquer um pode tê-la, o futebol muda. O esporte chega a mais pessoas, aumentando a sua já imensa popularidade. Mas acima de tudo diminuindo a diferença, dificultando a vida de quem tem de apontar um favorito para comemorar o título em 11 de junho, mesmo que na terra dos leões, ser zebra não seja um bom negócio.

Críticas, elogios, indiferenças, nada impedirá a Jabulani de rolar na África do Sul. Quando ela começar a passar de pé em pé, estufar as redes, sua composição sem costuras, menos resistente ao ar, tudo isso perderá importância.

Se a bola é nova, a Copa é inédita. Um Mundial que descobrirá um novo mundo, uma realidade distante para o mundinho do futebol. Uma competição com os mistérios de sempre dentro de campo, mas com um ambiente novo a ser descoberto fora dele. Serão dias de gols, de vuvuzelas e muita emoção.

Vamos Jabulani. Vamos celebrar mais uma Copa do Mundo.

* Durante a Copa do Mundo, o blog volta com força trazendo análise, opinião e informação., em posts e sessões diárias.

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